Dicionário de Favelas Marielle Franco
Memória Viva é um projeto que reúne entrevistas com lideranças comunitárias de vários territórios da cidade do Rio de Janeiro, produzida pela equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco.
Autoria: Equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco.
Descubra, produza e compartilhe histórias e memórias das favelas e periferias
Nós somos uma plataforma virtual de acesso aberto para a coleção e produção de conhecimentos sobre favelas e periferias. Buscamos estimular a coleta e construção coletiva do conhecimento existente sobre as favelas e periferias de todo o Brasil, por meio da articulação de uma rede de parceiros, tanto nas academias quanto nas instituições produtoras de conhecimentos existentes nos próprios territórios. Faça parte você também!
Verbete em destaque
A Teia de Comunicação Popular do Brasil, idealizada pelo Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC), busca identificar fios que se entrelaçam, tecendo, juntando e compondo uma rede de solidariedade entre diferentes experiências de comunicação contra hegemônica, espalhadas pelo Brasil. Foi lançada no Fórum Social Mundial 2018, em Salvador.
Autoria: Luisa Santiago.
Outras Palavras
Por Gizele Martins. Dez anos depois, as Jornadas de Junho de 2013 ainda provocam grandes controvérsias sobre seu significado social e político, desde análises que enfatizam a novidade representada pela ação coletiva que assumiu uma forma horizontalizada e conectada pela internet, dando origem ao boom dos coletivos e pautas identitárias que proliferaram nessa década, até as explicações que encontram na negação da política como lugar da corrupção, o ovo da serpente que terminou gerando o fenômeno do bolsonarismo. Se bem é verdade que grupos de direita como o MBL e Vem para a Rua foram os grandes beneficiários políticos que souberam canalizar a insatisfação coletiva em proveito de suas pautas conservadoras, as Jornadas de Junho fizeram parte de um contexto global de insatisfação com os resultados das políticas de austeridade que aumentaram as desigualdades e aumentaram a concentração da riqueza, beneficiando sobejamente o 1% mais rico. Outro fator detonador diz respeito às transformações na sociabilidade, em face à ausência de projetos coletivos em sociedades que incentivaram, durante décadas, o individualismo competitivo, bem como a falta de perspectiva de absorção dos jovens em mercados de trabalho cada vez mais precarizados. No Brasil, o contexto de insatisfação ganha contornos particulares, em uma conjuntura de crise econômica, o que se manifesta no elevado número de greves no período, de crise política, com a atuação deletéria da Lava-Jato e o enfrentamento do governo pelo Congresso, que culminou no golpe de 2016. Adicionalmente, uma crise moral aprofunda a falta de legitimidade dos governos, ao dar prioridade à promoção de grandes e dispendiosos eventos como a Copa do Mundo e as Olimpíadas, quando a população se via prejudicada pela falta de serviços públicos que atendesse suas demandas. Enquanto as Jornadas de Junho de 2013 se tornaram fenômeno midiático, político e objeto de análises acadêmicas que atravessaram a década, o fenômeno da organização da ação coletiva em territórios de favelas e periferias só ganhou algum destaque durante a pandemia, quando, na ausência de políticas públicas efetivas, os(as) moradores(as) se organizaram para enfrentar o quadro sanitário e o agravamento provocado nas condições de vida da população, tema que o Dicionário de Favelas Marielle Franco tem tratado de forma permanente. Trata-se de trazer à luz o conjunto de experiências concretas de desenvolvimento de ações de gestão territorial, organização, mobilização de recursos, desenvolvimento e difusão de tecnologias, produção de dados e uso da comunicação comunitária como instrumento de construção de redes de ação coletiva. Para além do acervo acumulado, importa levantar questões acerca das razões que levam os moradores a se organizarem em situações de escassez de recursos, ausência de recursos políticos, tecnológicos e financeiros e ameaça constante de violência estatal ou da parte de grupos paramilitares e traficantes que dominam os territórios. Algumas dessas questões pretendem ser respondidas pela pesquisadora norte-americana, Anjuli Fahlberg, professora de Sociologia na Tufts Universty, que acaba de lançar neste ano o livro de sua tese de doutorado “Activism under Fire”, pela Oxford University Press. Trata-se de um profundo estudo realizado na Cidade de Deus, no qual a autora tenta entender a singularidade das formas de ativismo em zonas conflagradas, diferenciando-as dos movimentos sociais tradicionais. O ativismo, nesses casos, é identificado como uma estratégia de não-violência, adotada pelos atores políticos como parte da sua resistência e adaptação ao contexto restritivo e violento onde habitam. A autora afirma que o ativismo nas favelas constrói uma esfera de política da não-violência, simbolicamente em oposição à esfera da violência do território. Por fim, ela identifica três tipos de configurações das ações coletivas que consubstanciam a esfera política da não violência: o “assistencialismo transformador”, a “militância comunitária” e a “resistência cultural”. Todas elas apresentam diferentes possibilidades de provocar mudanças a partir da sua ação coletiva. As categorias acima devem ser tomadas como tipos ideais, que condensam um conjunto de características definidoras de uma configuração particular que as diferencia das demais. No entanto, a pandemia mostrou que em uma situação de emergência social, econômica e sanitária de tal magnitude, a dinâmica pode inverter papeis, subvertendo os esquemas analíticos. Assim, jovens que foram criminalizados no passado por seu envolvimento em bailes funks com batalhas de corredor, passaram a atuar no desenvolvimento de ações assistenciais, enquanto comunicadores comunitários que se organizaram para difundir informações imprescindíveis para que a população adotasse medidas não farmacológicas no enfrentamento da pandemia, assumiram papeis de lideranças comunitárias no pós-pandemia. Introdução: Equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco Para acessar o texto na íntegra, clique aqui.
Sobre Marielle Franco

Marielle Franco
Marielle Francisco da Silva, Marielle Franco, vereadora da cidade do Rio de Janeiro, mundialmente conhecida após ter sido assassinada, junto com seu motorista Anderson Gomes, em 14 de Março de 2018.
- Marielle Franco was killed for defending the right to housing (article)
- Marielle foi morta por defender o direito à moradia (artigo)
- Experiências em Comunicação Popular no Rio de Janeiro ontem e hoje (livro)
- Mônica Francisco - Marielle Vive - Favelas na Reconstrução do País
- Marielle Vive - Favelas na Reconstrução do País - Discussão sobre o Legado de Marielle Franco
ESPECIAL: Chacinas Policiais

Chacinas em favelas no Rio de Janeiro
O presente verbete procura sistematizar o histórico de violências perpetradas pelas chamadas "operações policiais" protagonizadas pelas forças de segurança nas favelas e periferias do Rio de Janeiro em que são relatadas execuções sumárias. A ideia de sistematizar os acontecimentos é de preservar a memória de momentos de severa violação dos direitos da população negra e moradora de favelas e periferias, como forma de reivindicar uma mudança nas políticas de segurança pública e denunciar sua intrínseca relação com diferentes ilegalismos. O trabalho é fruto de uma parceria entre o Dicionário de Favelas Marielle Franco com os grupos GENI/UFF, Grupo CASA (IESP-UERJ) e Radar Saúde-Favela (Fiocruz).
O que é verbete?
O Dicionário de Favelas Marielle Franco está organizado em "verbetes", que constituem manifestações autorais sobre favelas e periferias.
"Verbete" vem de verbo, o que se quer falar, enunciar, depor, demonstrar, denunciar, mostrar, afirmar, explicitar etc. O ato de se expressar tem a intenção de comunicar, de compartilhar com outros seu ponto de vista, suas ideias e suas histórias.
Temos diferentes tipos de verbetes: textos, poemas, imagens, vídeos, filmes etc., elaborados por pessoas cadastradas na plataforma, capazes de criar páginas sobre os conteúdos que desejam.
Como participar

Você pode colaborar com o crescimento do Dicionário
Atualmente temos 1 583 colaborador@s cadastrad@s. Deseja colaborar escrevendo novos verbetes ou contribuindo para os verbetes? Você pode colaborar:
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- Editando um verbete
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Como criar conteúdo?
Primeiro busque nos verbetes já criados! Você pode escrever sobre qualquer assunto, até sobre aqueles já existentes.
Quando você pesquisar um assunto e não existir uma página sobre ele, aparecerá a opção criar uma página para o novo verbete. Você precisa estar autenticado no site para criar conteúdos.
Regras Editoriais
Todas as pessoas que desejarem colaborar com o projeto poderão atuar na produção de conteúdo, sendo que cada participante deverá se identificar com uma conta de usuário no Wikifavelas. Além disso, as atividades do Dicionário são regidas por um conjunto de regras editoriais
Pilares editoriais
Os pilares editoriais são princípios fundamentais sobre os quais os Dicionário é construído. Esses pilares servem tanto para orientar as atividades de colaboração, como para resolver eventuais conflitos que surjam durante o projeto.
- Escopo do Dicionário
- Pluralidade
- Conteúdo livre
- Normas de conduta
Eixos de Análise
Galeria de fotos
Favelas em Foco
Com a inspiração de contar histórias através de imagens e diferentes olhares, este espaço está reservado para a divulgação de fotos das favelas do Rio de Janeiro e do Brasil.
Outras Palavras

A favela está no “mapa” oficial do Estado. E agora?
Dicionário Marielle Franco mostra como, após muita luta, movimentos sociais conseguiram no Censo o termo “favela” – como espaço de cultura e resistência, e não “problema”. Mas falta muito mais, como políticas públicas reais de bem-estar nas periferias
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