Almir Paulo (entrevista): mudanças entre as edições

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<p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="line-height:115%">Primeiro houve um tempo em que a gente mobilizava, organizava, educava. Hoje falta organização popular.</span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="line-height:115%">Segundo: temos um inimigo forte, frontal- que é a milícia. Eu cantei esta pedra na eleição em 1992. A primeira intervenção da milícia se deu em 1982- no rio das Pedras e Anil. Tínhamos um trabalho lá da secretaria de Ações Fundiárias e dava para perceber algo estranho. E eu falei pra várias pessoas. Que nas eleições de 82- tinha um inimigo, que não era chamado de miliciano, mas que tinha a força da arma.</span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="line-height:115%">Ela interferiu muito nas eleições de 1992 aqui em Jacarepaguá, mas ninguém sabia o que era, não tinha nome de milícia. E ela está metida hoje, manda e desmanda em Jacarepaguá.</span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="line-height:115%">O terceiro é o tráfico. O tráfico é muito forte em Jacarepaguá. Só que não querem ver ou fingem que não existe- mas o tráfico é forte em Jacarepaguá. E hoje se misturando com miliciano. É mais grave ainda. Contam que na Praça Seca, Covanca, o tráfico paga aluguel a miliciano. Isso é grave e desesperador. Isto atinge a região como um todo. E os milicianos comandam justamente as áreas que não tem organização social, nem no passado, consistente.</span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="line-height:115%">Rio das Pedras sempre esteve na mão de setores de direita, com vários interesses, mas não o de organizar e fazer uma luta consistente por defesa e melhoria da qualidade de vida. Lá nunca foi. Boiúna, Covanca, não havia organização consistente.</span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="line-height:115%">Mesmo com as UPPs, a atuação da policia continua ainda a nos deixar extremamente preocupados e as pessoas que militam lá se sentem ameaçadas. Nós estamos intimidados pela milícia, pelo tráfico, pela polícia. Organizar e fazer a luta social aqui está muito difícil. Agora tem que haver alguns setores, tem ainda pequenas células de resistência que fazem tudo pra se manter.</span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="line-height:115%">O trabalho que a FioCruz faz aqui, o trabalho da AMAF, da zonal FAMRIO, do Jornal Abaixo Assinado, de algumas ONGs, CEPEJABA na Boiuna e as Cooperativas de Moradia. São núcleos de resistência – mas que podem sofrer represálias, ameaças. Até os parlamentares que elegemos aqui sumiram. O Edson Santos não aparece em reuniões dos movimentos populares. &nbsp;Cadê o Robson Leite? Com quem podemos contar aqui em Jacarepaguá? Não tem ninguém.</span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="line-height:115%">Não sei qual o caminho para aumentar a resistência. Nós só temos o poder da palavra, o poder do coração.</span></span></p>  
<p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="line-height:115%">Primeiro houve um tempo em que a gente mobilizava, organizava, educava. Hoje falta organização popular.</span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="line-height:115%">Segundo: temos um inimigo forte, frontal- que é a milícia. Eu cantei esta pedra na eleição em 1992. A primeira intervenção da milícia se deu em 1982- no rio das Pedras e Anil. Tínhamos um trabalho lá da secretaria de Ações Fundiárias e dava para perceber algo estranho. E eu falei pra várias pessoas. Que nas eleições de 82- tinha um inimigo, que não era chamado de miliciano, mas que tinha a força da arma.</span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="line-height:115%">Ela interferiu muito nas eleições de 1992 aqui em Jacarepaguá, mas ninguém sabia o que era, não tinha nome de milícia. E ela está metida hoje, manda e desmanda em Jacarepaguá.</span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="line-height:115%">O terceiro é o tráfico. O tráfico é muito forte em Jacarepaguá. Só que não querem ver ou fingem que não existe- mas o tráfico é forte em Jacarepaguá. E hoje se misturando com miliciano. É mais grave ainda. Contam que na Praça Seca, Covanca, o tráfico paga aluguel a miliciano. Isso é grave e desesperador. Isto atinge a região como um todo. E os milicianos comandam justamente as áreas que não tem organização social, nem no passado, consistente.</span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="line-height:115%">Rio das Pedras sempre esteve na mão de setores de direita, com vários interesses, mas não o de organizar e fazer uma luta consistente por defesa e melhoria da qualidade de vida. Lá nunca foi. Boiúna, Covanca, não havia organização consistente.</span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="line-height:115%">Mesmo com as UPPs, a atuação da policia continua ainda a nos deixar extremamente preocupados e as pessoas que militam lá se sentem ameaçadas. Nós estamos intimidados pela milícia, pelo tráfico, pela polícia. Organizar e fazer a luta social aqui está muito difícil. Agora tem que haver alguns setores, tem ainda pequenas células de resistência que fazem tudo pra se manter.</span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="line-height:115%">O trabalho que a FioCruz faz aqui, o trabalho da AMAF, da zonal FAMRIO, do Jornal Abaixo Assinado, de algumas ONGs, CEPEJABA na Boiuna e as Cooperativas de Moradia. São núcleos de resistência – mas que podem sofrer represálias, ameaças. Até os parlamentares que elegemos aqui sumiram. O Edson Santos não aparece em reuniões dos movimentos populares. &nbsp;Cadê o Robson Leite? Com quem podemos contar aqui em Jacarepaguá? Não tem ninguém.</span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="line-height:115%">Não sei qual o caminho para aumentar a resistência. Nós só temos o poder da palavra, o poder do coração.</span></span></p>  
== <span style="font-size:12.0pt"><span style="line-height:115%">Luta e Saúde</span></span> ==
== <span style="font-size:12.0pt"><span style="line-height:115%">Luta e Saúde</span></span> ==
<p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="line-height:115%">Eu me lembro que nos organizamos as comissões de saúde nas associações de moradores. Sai por este Rio de Janeiro defendendo que cada Associação de Moradores tivesse uma comissão para pensar a saúde. Fizemos isto na Cidade de Deus. Hoje quando você olha o quadro de saúde na região, você vê que é desesperador. O poder público estadual, municipal estão hoje, quebrando os hospitais públicos. E o Governo Federal?</span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="line-height:115%">O que o Eduardo Paes faz com o hospital Rafael de Paula e Souza é gravíssimo. É um hospital que tinha sua função, tinha o seu papel. Tinha médicos excelentes, ambulatórios, consultórios. Cobria a área. O Prefeito está desativando gradativamente o hospital.</span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="line-height:115%">O Cardoso Fontes – um hospital de primeira linha, um centro de aparelhagem moderna – que serviu a seleção brasileira para copa do mundo, em época passadas, hoje está sucateado: leitos desativados, serviços desativados, falta médicos, falta enfermeiros. A emergência funciona no segundo andar, no corredor completamente destruído.</span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="line-height:115%">O Curupaiti, do Estado. Hospital Santa Maria também em crise. &nbsp;O desafio é reconstruir o Conselho Comunitário de Saúde, fortalecer a atuação daquele que se reúne uma vez por mês no posto de saúde do Tanque.</span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="line-height:115%">O quadro hoje é desesperador. Vai à UPA da Taquara, falta médico, ortopedistas. Há pouca divulgação das mortes, mas é muito grave a situação da saúde. Acho que a Fiocruz podia dar uma contribuição maior. Podia organizar um encontro popular pela saúde.&nbsp; Chamando os três secretários- município, estado e federal. E chamar as associações de moradores e comunidades para fazer um grande debate sobre a saúde pública aqui. A Fiocruz, uma grande parceira, para pensar a saúde, replanejar, reestruturar a saúde em Jacarepaguá.</span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="line-height:115%">O slogan continua sendo o mesmo de 30 anos atrás, “saúde, direitos de todos e dever do estado”.</span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="line-height:115%">E nós precisamos do povo deles para fazer pressão popular necessária para não desativar o hospital do Curicica, pra não deixar o Cardoso Fontes sem médico, e a colônia fechar serviços que nós consideramos importantes.</span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="line-height:115%">Se a prefeitura quer construir os centros de tratamento para quem usa crack, que faça com a participação popular. Quer instalar as clinicas da família, que faça com a participação popular. Discutir coletivamente. Precisamos fazer com que este governo do Eduardo Paes – um prefeito autoritário, ditador, que massacrou muito posseiro nesta região que está a serviço da indústria imobiliária, precisa ser pressionado de todas as formas, porque ele está desmantelando a saúde. O que que está por trás quando ele quebra o hospital do Curicica?</span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="line-height:115%">Posso estar enganadíssimo. Se eu vou lutar pelo hospital do Curicica, porque eu não chamo esta nova federação? Porque deve ter gente lá sem saber que podem estar sendo manipuladas. Sendo enganadas – pensando que é uma coisa e é outra. Eu não acredito que todos os envolvidos nesta federação, sejam todos da milícia. Tem gente ali sendo manipulada, porque na verdade – com a desarticulação da FAMERJ aqui na região da FAFRIO, as pessoas estão soltas.</span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="line-height:115%">O movimento popular está solto na região. Existe um esforço da FAMRIO em continuar, mas não dá para mobilizar só pela internet. Se você não buscar as pessoas, não fizer contato elas não vão. O movimento da favela hoje está largado. Aí dá espaço para setores oportunistas, de direita, opressores.</span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="line-height:115%">Estamos ficando de cabelos brancos, e não temos a mesma militância de antigamente. Esse momento é muito difícil. Tinham grupos discutindo e atuando com diretriz. Qual o coletivo que está discutindo Curicica? Qual o coletivo que está discutindo o Rio das Pedras? Eu estou tentando distribuir o meu Jornal lá e não tenho ponto. Os moradores do tempo da FAMERJ e da secretaria, já passaram as casas para os filhos, que não nos reconheceu. Nem sei como me dirigir lá.</span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="line-height:115%">Se fizer um encontro popular pela saúde, vem todo mundo. Não sei, temos que ter uma estratégia.</span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="line-height:115%">O Governo Brizola sempre teve uma relação democrática com relação as ocupações. Em nenhum momento reprimiu as ocupações. Nós conseguimos uma coisa nos dois mandatos de Brizola. Conseguimos junto ao Coronel Nazareth que a policia militar, antes de executar uma desocupação, comunicasse a Secretaria Estadual. &nbsp;Quando eu fui secretário o Nilo Batista era o Governador. E ele nunca disse não para Jacarepaguá. Na questão da Via Parque ele fez de tudo para evitar o despejo que o Eduardo Paes conseguiu na justiça. Mas ali ele cometeu um crime. Nós conseguimos uma liminar. A juíza deu despejo. &nbsp;Mas ao mesmo tempo ela mandou preservar os imóveis. Ela não mandou derrubar as casas. Porque os móveis e tudo ficariam nas casas. E o comandante do 18º batalhão deu apoio ao Eduardo Paes e na madrugada eles derrubaram tudo, com tudo dentro.</span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="line-height:115%">Havia um acordo feito por mim e pelo Nilo Batista com o 18º batalhão. Mas o 18º tem um lado obscuro até hoje. Na madrugada eles ajudaram a Prefeitura. Mas o Governo Brizola foi o que mais apoiou as ocupações e o que mais combateu a indústria da reintegração de posse. Eu me orgulho de ter participado disto. &nbsp;E mais quando tinha uma ação de reintegração de posse em qualquer cidade do Rio, e o oficial de justiça comunicava o fato, e pediam garantia policial para garantir o despejo – antes de qualquer ato, o comandante do batalhão do local, deveria se comunicar com a comissão ou a secretaria de assuntos fundiários. Nós conseguimos construir essa relação. E nós tínhamos 48h para resolver este problema. &nbsp;E assim evitamos vários despejos, e ações de reintegração de posse – fossem terras do INCRA, seja lá de quem fosse. Brizola dizia – enquanto tiver uma família sem teto, nós temos que defender. Mas nós demoramos muito a fazer a segunda etapa que era a urbanização dessas áreas.</span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="line-height:115%">A questão da Barra. Os duelos com Pasquale Mauro. Nossos principais embates foram com ele. Nós utilizamos uma lei que só o Brizola usou, lei da ação discriminatória. Usamos na Praia do Sono. Eu podia requerer aquela terra, por meio administrativo, se ali tivesse dados e embasamento de que a terra era publica. E ela foi pública.</span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="line-height:115%">Também foi no Governo Brizola que foi titulada a 1ª área registrada de quilombolas lá de Paraty. Foi transferida uma fazenda aos quilombolas. Hoje ela está prosperando.</span></span></p> <p style="text-align:justify">&nbsp;</p>
<p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="line-height:115%">Eu me lembro que nos organizamos as comissões de saúde nas associações de moradores. Sai por este Rio de Janeiro defendendo que cada Associação de Moradores tivesse uma comissão para pensar a saúde. Fizemos isto na Cidade de Deus. Hoje quando você olha o quadro de saúde na região, você vê que é desesperador. O poder público estadual, municipal estão hoje, quebrando os hospitais públicos. E o Governo Federal?</span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="line-height:115%">O que o Eduardo Paes faz com o hospital Rafael de Paula e Souza é gravíssimo. É um hospital que tinha sua função, tinha o seu papel. Tinha médicos excelentes, ambulatórios, consultórios. Cobria a área. O Prefeito está desativando gradativamente o hospital.</span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="line-height:115%">O Cardoso Fontes – um hospital de primeira linha, um centro de aparelhagem moderna – que serviu a seleção brasileira para copa do mundo, em época passadas, hoje está sucateado: leitos desativados, serviços desativados, falta médicos, falta enfermeiros. A emergência funciona no segundo andar, no corredor completamente destruído.</span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="line-height:115%">O Curupaiti, do Estado. Hospital Santa Maria também em crise. &nbsp;O desafio é reconstruir o Conselho Comunitário de Saúde, fortalecer a atuação daquele que se reúne uma vez por mês no posto de saúde do Tanque.</span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="line-height:115%">O quadro hoje é desesperador. Vai à UPA da Taquara, falta médico, ortopedistas. Há pouca divulgação das mortes, mas é muito grave a situação da saúde. Acho que a Fiocruz podia dar uma contribuição maior. Podia organizar um encontro popular pela saúde.&nbsp; Chamando os três secretários- município, estado e federal. E chamar as associações de moradores e comunidades para fazer um grande debate sobre a saúde pública aqui. A Fiocruz, uma grande parceira, para pensar a saúde, replanejar, reestruturar a saúde em Jacarepaguá.</span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="line-height:115%">O slogan continua sendo o mesmo de 30 anos atrás, “saúde, direitos de todos e dever do estado”.</span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="line-height:115%">E nós precisamos do povo deles para fazer pressão popular necessária para não desativar o hospital do Curicica, pra não deixar o Cardoso Fontes sem médico, e a colônia fechar serviços que nós consideramos importantes.</span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="line-height:115%">Se a prefeitura quer construir os centros de tratamento para quem usa crack, que faça com a participação popular. Quer instalar as clinicas da família, que faça com a participação popular. Discutir coletivamente. Precisamos fazer com que este governo do Eduardo Paes – um prefeito autoritário, ditador, que massacrou muito posseiro nesta região que está a serviço da indústria imobiliária, precisa ser pressionado de todas as formas, porque ele está desmantelando a saúde. O que que está por trás quando ele quebra o hospital do Curicica?</span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="line-height:115%">Posso estar enganadíssimo. Se eu vou lutar pelo hospital do Curicica, porque eu não chamo esta nova federação? Porque deve ter gente lá sem saber que podem estar sendo manipuladas. Sendo enganadas – pensando que é uma coisa e é outra. Eu não acredito que todos os envolvidos nesta federação, sejam todos da milícia. Tem gente ali sendo manipulada, porque na verdade – com a desarticulação da FAMERJ aqui na região da FAFRIO, as pessoas estão soltas.</span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="line-height:115%">O movimento popular está solto na região. Existe um esforço da FAMRIO em continuar, mas não dá para mobilizar só pela internet. Se você não buscar as pessoas, não fizer contato elas não vão. O movimento da favela hoje está largado. Aí dá espaço para setores oportunistas, de direita, opressores.</span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="line-height:115%">Estamos ficando de cabelos brancos, e não temos a mesma militância de antigamente. Esse momento é muito difícil. Tinham grupos discutindo e atuando com diretriz. Qual o coletivo que está discutindo Curicica? Qual o coletivo que está discutindo o Rio das Pedras? Eu estou tentando distribuir o meu Jornal lá e não tenho ponto. Os moradores do tempo da FAMERJ e da secretaria, já passaram as casas para os filhos, que não nos reconheceu. Nem sei como me dirigir lá.</span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="line-height:115%">Se fizer um encontro popular pela saúde, vem todo mundo. Não sei, temos que ter uma estratégia.</span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="line-height:115%">O Governo Brizola sempre teve uma relação democrática com relação as ocupações. Em nenhum momento reprimiu as ocupações. Nós conseguimos uma coisa nos dois mandatos de Brizola. Conseguimos junto ao Coronel Nazareth que a policia militar, antes de executar uma desocupação, comunicasse a Secretaria Estadual. &nbsp;Quando eu fui secretário o Nilo Batista era o Governador. E ele nunca disse não para Jacarepaguá. Na questão da Via Parque ele fez de tudo para evitar o despejo que o Eduardo Paes conseguiu na justiça. Mas ali ele cometeu um crime. Nós conseguimos uma liminar. A juíza deu despejo. &nbsp;Mas ao mesmo tempo ela mandou preservar os imóveis. Ela não mandou derrubar as casas. Porque os móveis e tudo ficariam nas casas. E o comandante do 18º batalhão deu apoio ao Eduardo Paes e na madrugada eles derrubaram tudo, com tudo dentro.</span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="line-height:115%">Havia um acordo feito por mim e pelo Nilo Batista com o 18º batalhão. Mas o 18º tem um lado obscuro até hoje. Na madrugada eles ajudaram a Prefeitura. Mas o Governo Brizola foi o que mais apoiou as ocupações e o que mais combateu a indústria da reintegração de posse. Eu me orgulho de ter participado disto. &nbsp;E mais quando tinha uma ação de reintegração de posse em qualquer cidade do Rio, e o oficial de justiça comunicava o fato, e pediam garantia policial para garantir o despejo – antes de qualquer ato, o comandante do batalhão do local, deveria se comunicar com a comissão ou a secretaria de assuntos fundiários. Nós conseguimos construir essa relação. E nós tínhamos 48h para resolver este problema. &nbsp;E assim evitamos vários despejos, e ações de reintegração de posse – fossem terras do INCRA, seja lá de quem fosse. Brizola dizia – enquanto tiver uma família sem teto, nós temos que defender. Mas nós demoramos muito a fazer a segunda etapa que era a urbanização dessas áreas.</span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="line-height:115%">A questão da Barra. Os duelos com Pasquale Mauro. Nossos principais embates foram com ele. Nós utilizamos uma lei que só o Brizola usou, lei da ação discriminatória. Usamos na Praia do Sono. Eu podia requerer aquela terra, por meio administrativo, se ali tivesse dados e embasamento de que a terra era publica. E ela foi pública.</span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="line-height:115%">Também foi no Governo Brizola que foi titulada a 1ª área registrada de quilombolas lá de Paraty. Foi transferida uma fazenda aos quilombolas. Hoje ela está prosperando.</span></span></p> <p style="text-align:justify">&nbsp;</p>
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