Mapeamento no Preventório: mudanças entre as edições

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Planejamento Comunitário (ou Errático) é o nome que demos ao tipo de planejamento que é adequado ao cotidiano do mapeamento, em contraposição com o planejamento tradicional ou ortodoxo, que pressupõe o cumprimento de tarefas baseado em datas de entrega e num cronograma preestabelecido, sem muita margem para flexibilidade. Esta dimensão, portanto, conversa intimamente com a Legitimidade, pois acontece em função dela e, ao mesmo tempo, é também seu resultado direto.
Planejamento Comunitário (ou Errático) é o nome que demos ao tipo de planejamento que é adequado ao cotidiano do mapeamento, em contraposição com o planejamento tradicional ou ortodoxo, que pressupõe o cumprimento de tarefas baseado em datas de entrega e num cronograma preestabelecido, sem muita margem para flexibilidade. Esta dimensão, portanto, conversa intimamente com a Legitimidade, pois acontece em função dela e, ao mesmo tempo, é também seu resultado direto.


A dimensão do Mapeamento e Ações Locais destaca a relevância de prezar pelo bem estar dos moradores e frequentadores do território. Essa dimensão resgata ensinamentos de uma líder comunitária já falecida, Dona Graça, uma das fundadoras do Banco do Preventório. Nas palavras de Marcos Rodrigo:<blockquote>Dona Graça foi uma líder comunitária importante dentro do Preventório. Fundou a primeira associação de mulheres em 1987, participou de movimentos, na época, (...) fazendo trabalho comunitário. Era uma pessoa que estava sempre muito de bom humor, criou uma geração lá (...). E quando ela veio a falecer, eu fui visitar ela na última semana no Hospital do Fundão, e ela disse isso: "faz tudo devagar e  cuida das pessoas, que é o mais importante". Então ela estava bem ruim mesmo quando eu fui visitar ela, ela fez um tratamento no hospital e ela morreu de coração grande. Ela tinha um coração grande e ela morreu disso. Uma pessoa que ajuda muito a entender a forma como é o trabalho comunitário.
A dimensão do Mapeamento e Ações Locais destaca a relevância de prezar pelo bem estar dos moradores e frequentadores do território. Essa dimensão resgata ensinamentos de uma líder comunitária já falecida, Dona Graça, uma das fundadoras do Banco do Preventório. Nas palavras de Marcos Rodrigo:<blockquote>[[Arquivo:Dona Graça Grafite.jpg|esquerda|miniaturadaimagem|'''Homenagem à Dona Graça''' (direita) '''e à Dona Sônia''' (esquerda): grafite de autoria da pintora contemporânea Cibelle Arcanjo, moradora do Morro do Preventório, em parceria com a equipe do projeto Urbelatam.|385x385px]]Dona Graça foi uma líder comunitária importante dentro do Preventório. Fundou a primeira associação de mulheres em 1987, participou de movimentos, na época, (...) fazendo trabalho comunitário. Era uma pessoa que estava sempre muito de bom humor, criou uma geração lá (...). E quando ela veio a falecer, eu fui visitar ela na última semana no Hospital do Fundão, e ela disse isso: "faz tudo devagar e  cuida das pessoas, que é o mais importante". Então ela estava bem ruim mesmo quando eu fui visitar ela, ela fez um tratamento no hospital e ela morreu de coração grande. Ela tinha um coração grande e ela morreu disso. Uma pessoa que ajuda muito a entender a forma como é o trabalho comunitário.


E, realmente, esse atropelo não é bom (...). Então, ela fala essa coisa de andar devagar, é dar continuidade, que é mais importante do que a pressa. É mais importante do que o prazo, vamos dizer assim. (...) É o que eu costumo dizer: as pessoas têm tempos diferentes, né? E quando a gente vai para a universidade, aprende que isso é antologia. Mas a gente não quer respeitar o tempo do outro, a gente quer que as coisas sejam no nosso tempo e realmente não vão ser, né? [[Arquivo:Dona Graça Grafite.jpg|esquerda|miniaturadaimagem|'''Homenagem à Dona Graça''' (direita) '''e à Dona Sônia''' (esquerda): grafite de autoria da pintora contemporânea Cibelle Arcanjo, moradora do Morro do Preventório, em parceria com a equipe do projeto Urbelatam.]] </blockquote>Considerando que o Banco Comunitário faz parte do projeto e é um dos seus principais engajadores, as palavras de Dona Graça apontam para o caminho do modo de se fazer do mapeamento: devagar e cuidando das pessoas. Ela ilustra o cuidado, atenção, delicadeza, estima e responsabilidade que os líderes comunitários têm com os moradores do Morro do Preventório. Novamente, dimensão muito ligada à Legitimidade.
E, realmente, esse atropelo não é bom (...). Então, ela fala essa coisa de andar devagar, é dar continuidade, que é mais importante do que a pressa. É mais importante do que o prazo, vamos dizer assim. (...) É o que eu costumo dizer: as pessoas têm tempos diferentes, né? E quando a gente vai para a universidade, aprende que isso é antologia. Mas a gente não quer respeitar o tempo do outro, a gente quer que as coisas sejam no nosso tempo e realmente não vão ser, né? </blockquote>Considerando que o Banco Comunitário faz parte do projeto e é um dos seus principais engajadores, as palavras de Dona Graça apontam para o caminho do modo de se fazer do mapeamento: devagar e cuidando das pessoas. Ela ilustra o cuidado, atenção, delicadeza, estima e responsabilidade que os líderes comunitários têm com os moradores do Morro do Preventório. Novamente, dimensão muito ligada à Legitimidade.


Por último, a dimensão Tecnologias aborda as adaptações feitas a partir das ausências — de políticas públicas ou serviços públicos e privados, derivados da marginalização de territórios como esse. A falta de dados oficiais do Preventório é um exemplo, mas há vários outros, como a carência dos serviços mais básicos: coleta de lixo e esgoto, distribuição de água, rede de drenagem, etc.
Por último, a dimensão Tecnologias aborda as adaptações feitas a partir das ausências — de políticas públicas ou serviços públicos e privados, derivados da marginalização de territórios como esse. A falta de dados oficiais do Preventório é um exemplo, mas há vários outros, como a carência dos serviços mais básicos: coleta de lixo e esgoto, distribuição de água, rede de drenagem, etc.
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