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Dessa forma, esses espaços se configuram como locais onde as pessoas dedicaram tempo, esforço, carinho e investiram em relações pessoais e afetivas. É evidente que esses lugares possuem uma história, o que ele considera extremamente fascinante, além disso, quando esse tema é abordado, costuma ser com um certo presentismo. | Dessa forma, esses espaços se configuram como locais onde as pessoas dedicaram tempo, esforço, carinho e investiram em relações pessoais e afetivas. É evidente que esses lugares possuem uma história, o que ele considera extremamente fascinante, além disso, quando esse tema é abordado, costuma ser com um certo presentismo. | ||
[[Arquivo:As Uniões Femininas (Jornal Momento feminino).png|esquerda|miniaturadaimagem|As Uniões Femininas (Jornal Momento feminino)]] | |||
[[Arquivo:A luta pela permanência.png|miniaturadaimagem]] | |||
Por exemplo, ao trabalhar com jornais e cobrir as datas associadas à história do Rio de Janeiro, como as décadas de 10, 20, 40 e 80, ou os dias da semana passada, às vezes temos a sensação de estar lidando com um mesmo momento histórico, nem sempre relacionando esses espaços e seus habitantes como parte integrante da cidade, muitas vezes sendo vistos como "outros", "marginais" ou até mesmo como um perigo, como acontece com as favelas no caso do Rio de Janeiro. <blockquote> | |||
O presentismo, citado pelo autor, está muito voltado e muito marcado pela relação da história das favelas e da cidade. Mais do que isso, existe também uma percepção que as favelas, de alguma forma, formaram um rio de janeiro e é importante. </blockquote>Buscar compreender que esses espaços não deformaram espaços urbanos, não deformaram as nossas cidades, mas eles conformaram a sociedade, construíram essa cidade em várias dimensões e não apenas no caso do Rio de Janeiro. As favelas tem um papel central na cultura, lazer e também construíram uma forma de se fazer o direito. | |||
[[Arquivo:Imagens antigas de favelas.png|miniaturadaimagem]] | |||
O autor destaca que no início do século 20 o perigo epidêmico, na década de 40 e 50 o risco social do medo dos comunistas subirem as favelas, a partir da década de 80 a questão da da violência urbana eram os tópicos do que se falavam sobre favelas, e que nos dias atuais a questão ambiental em conjunto com a violência urbana são os temas que permeiam os noticiários sobre [[Lista de Favelas do Rio de Janeiro|favelas]]. | O autor destaca que no início do século 20 o perigo epidêmico, na década de 40 e 50 o risco social do medo dos comunistas subirem as favelas, a partir da década de 80 a questão da da violência urbana eram os tópicos do que se falavam sobre favelas, e que nos dias atuais a questão ambiental em conjunto com a violência urbana são os temas que permeiam os noticiários sobre [[Lista de Favelas do Rio de Janeiro|favelas]]. | ||
[[Arquivo:Indústria, comércio e liberais querem exterminar a favela.png|esquerda|miniaturadaimagem|Indústria, comércio e liberais querem exterminar a favela]] | |||
Com a apresentação do texto podemos perceber que diversas questões de hoje já se produziam antes, como os jornais do inicio do século XX que tratavam as favelas como problema, bem como em 1927 o termo [[Vamos falar de Pacificação (artigo)|pacificação]] já era utilizado para se falar de favela em documentos públicos. No Rio de janeiro o modo de se lidar com as favelas é muito ambíguo, por exemplo, nos jogos olímpicos houveram varias [[Remoções de favelas no Rio de Janeiro|remoções]] e violações de diretos, mas na festa de abertura a favela era destaque na apresentação. | Com a apresentação do texto podemos perceber que diversas questões de hoje já se produziam antes, como os jornais do inicio do século XX que tratavam as favelas como problema, bem como em 1927 o termo [[Vamos falar de Pacificação (artigo)|pacificação]] já era utilizado para se falar de favela em documentos públicos. No Rio de janeiro o modo de se lidar com as favelas é muito ambíguo, por exemplo, nos jogos olímpicos houveram varias [[Remoções de favelas no Rio de Janeiro|remoções]] e violações de diretos, mas na festa de abertura a favela era destaque na apresentação. | ||
[[Arquivo:A União dos Trabalhadores Favelados.png|esquerda|miniaturadaimagem|A União dos Trabalhadores Favelados]] | |||
As agências dos moradores de favelas também foi destaque da apresentação, como eles interviram para conseguir as condições de sobrevivência no cenário carioca, organização para obter serviços básicos como agua e luz, o associativismos nas favelas. Outro destaque, foi como a precariedade das favelas foram legalmente produzidas e o modo de vida dos favelados esteriotipado em um processo constante de desumanização, imputando a eles falta de civilidade, atraso e marginalidade. | As agências dos moradores de favelas também foi destaque da apresentação, como eles interviram para conseguir as condições de sobrevivência no cenário carioca, organização para obter serviços básicos como agua e luz, o associativismos nas favelas. Outro destaque, foi como a precariedade das favelas foram legalmente produzidas e o modo de vida dos favelados esteriotipado em um processo constante de desumanização, imputando a eles falta de civilidade, atraso e marginalidade. | ||
Cabe destacar que, o trabalho dos assistentes sociais aparece no texto por diversas vezes, como esses profissionais contribuíram para a formação de algumas ideias sobre as favelas, como a igreja católica participou desse processo e o cunho moralizante de muitas dessas ações. A dimensão do trabalho era importante, e ainda o é, quando falamos de favelas, pois diversas moradores trabalhavam na informalidade, mas para o poder publico eles eram "vagabundos", arruaceiros, isso pode ser visto através das charges mostradas na apresentação, onde os moradores de favelas eram mostrados de forma animalizante, como piolhos<ref>[https://journals.openedition.org/geografares/docannexe/image/610/img-4.png Fonte]</ref> que contaminavam os morros, numa perspectiva higienista. | Cabe destacar que, o trabalho dos assistentes sociais aparece no texto por diversas vezes, como esses profissionais contribuíram para a formação de algumas ideias sobre as favelas, como a igreja católica participou desse processo e o cunho moralizante de muitas dessas ações. A dimensão do trabalho era importante, e ainda o é, quando falamos de favelas, pois diversas moradores trabalhavam na informalidade, mas para o poder publico eles eram "vagabundos", arruaceiros, isso pode ser visto através das charges mostradas na apresentação, onde os moradores de favelas eram mostrados de forma animalizante, como piolhos<ref>[https://journals.openedition.org/geografares/docannexe/image/610/img-4.png Fonte]</ref> que contaminavam os morros, numa perspectiva higienista. | ||
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Tenho impressão que o [[Ciclo de debates sobre produção de conhecimentos e memórias em favelas e periferias|direito à memória]] o direito a poder contar nossa própria história é um fenômeno extremamente importante para garantir inclusive o direito ao futuro. Então, o que é extremamente interessante no que diz respeito às favelas hoje, por exemplo, é o fenômeno do movimento social de [[Museu das favelas|museus sociais]] que está surgindo justamente para afirmar: "olha só, nós temos uma história e continuamos aqui." Na maioria das vezes, esses espaços são associados à marginalidade e vistos como um problema a ser resolvido, sendo difícil compreender que nasceram de maneira espontânea e têm um processo histórico. No que diz respeito ao direito, é extremamente difícil porque esse tipo de fenômeno não nos fornece dados, fontes ou documentos tradicionais. Ao atrair pelo direito, começamos a compreender que esses espaços, muito mais do que deformarem a cidade, de alguma forma a conformaram. | Tenho impressão que o [[Ciclo de debates sobre produção de conhecimentos e memórias em favelas e periferias|direito à memória]] o direito a poder contar nossa própria história é um fenômeno extremamente importante para garantir inclusive o direito ao futuro. Então, o que é extremamente interessante no que diz respeito às favelas hoje, por exemplo, é o fenômeno do movimento social de [[Museu das favelas|museus sociais]] que está surgindo justamente para afirmar: "olha só, nós temos uma história e continuamos aqui." Na maioria das vezes, esses espaços são associados à marginalidade e vistos como um problema a ser resolvido, sendo difícil compreender que nasceram de maneira espontânea e têm um processo histórico. No que diz respeito ao direito, é extremamente difícil porque esse tipo de fenômeno não nos fornece dados, fontes ou documentos tradicionais. Ao atrair pelo direito, começamos a compreender que esses espaços, muito mais do que deformarem a cidade, de alguma forma a conformaram. | ||
[[Arquivo:A fundação Leão XIII.png|miniaturadaimagem|A fundação Leão XIII]] | |||
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