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'''Autor''': '''[https://wikifavelas.com.br/index.php?title=José_Cláudio_Souza_Alves&action=edit&redlink=1 José Cláudio Souza Alves].''' | '''Autor''': '''[https://wikifavelas.com.br/index.php?title=José_Cláudio_Souza_Alves&action=edit&redlink=1 José Cláudio Souza Alves].''' | ||
<p style="margin: 0.5em 0px; text-align: justify; color: rgb(34, 34, 34); text-transform: none; line-height: inherit; text-indent: 0px; letter-spacing: normal; font-family: sans-serif; font-size: 13.93px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; word-spacing: 0px; white-space: normal; orphans: 2; -webkit-text-stroke-width: 0px;">Milícias são grupos criminosos formados e chefiados por agentes de segurança do Estado: policiais militares, policiais civis, bombeiros e guardas municipais, em associação com civis, cujo objetivo é a obtenção de ganhos econômicos, políticos, sociais e culturais a partir da venda de serviços: segurança aos comerciantes e moradores, transporte de pessoas, descarte de lixo em aterros e acesso a canais de tevê à cabo; ou a venda de bens: terrenos, aterros, imóveis, bujão de gás, água, cigarro, cesta base, cesta de carne, etc. Estes grupos estabelecem o controle e o monopólio de serviços e bens a partir do controle armado de favelas, comunidades, bairros e cidades. Sua origem remonta ao surgimento, nos final dos anos 1960, em plena ditadura empresarial-militar de 1964, dos Esquadrões da Morte, posteriormente denominados Grupos de Extermínio, que cometiam execuções sumárias, assassinando supostos “bandidos” e cobravam taxas de segurança, na Baixada Fluminense. Neste momento, agentes de segurança do Estado operavam os homicídios, empresários e comerciantes financiavam o esquema e o regime ditatorial fornecia o suporte político, frequentemente traduzido em absolvições nos processos judiciais. A partir da década de 1980, com o fim da ditadura, civis começaram a ser arregimentados para compor os Grupos de Extermínio, sendo gerenciados pelos agentes de segurança do Estado que assim passavam a se proteger mais, dentro do regime democrático que se iniciava. Trajetórias de sucesso, enquanto matadores, na Baixada Fluminense, traduziram-se em vitórias eleitorais para cargos do legislativo municipal e estadual, bem como do executivo municipal, a partir da década de 1990. Em meados desta década, experiências resultantes de ocupações urbanas, na Baixada Fluminense e na Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro, iniciam o que seria o preâmbulo das Milícias. Nestas ocupações, emergiram lideranças, ainda de civis, com características autoritárias e com controle sobre relações políticas, serviços urbanos e bens, estabelecido a partir do uso da violência. No início dos anos 2000, as Milícias passariam a ganhar os contornos do que são hoje. Pode-se dizer que elas significam o somatório das experiências do crime organizado gerenciadas por agentes de segurança do Estado, a partir dos Grupos de Extermínio da Baixada Fluminense e da relação com o tráfico de drogas, na cidade do Rio de Janeiro. O conhecimento e domínio sobre as dimensões espaciais das diferentes áreas onde atuam; o reconhecimento das dinâmicas políticas, de instituições e de lideranças ali presentes; o controle das ações do Estado; e a informação sobre serviços, comércio, realidade fundiária, legislação, recursos ambientais, etc existentes, a partir do lugar que ocupam dentro da estrutura do Estado, foram determinantes para o seu surgimento.</p> | <p style="margin: 0.5em 0px; text-align: justify; color: rgb(34, 34, 34); text-transform: none; line-height: inherit; text-indent: 0px; letter-spacing: normal; font-family: sans-serif; font-size: 13.93px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; word-spacing: 0px; white-space: normal; orphans: 2; -webkit-text-stroke-width: 0px;">Milícias são grupos criminosos formados e chefiados por agentes de segurança do Estado: policiais militares, policiais civis, bombeiros e guardas municipais, em associação com civis, cujo objetivo é a obtenção de ganhos econômicos, políticos, sociais e culturais a partir da venda de serviços: segurança aos comerciantes e moradores, transporte de pessoas, descarte de lixo em aterros e acesso a canais de tevê à cabo; ou a venda de bens: terrenos, aterros, imóveis, bujão de gás, água, cigarro, cesta base, cesta de carne, etc. Estes grupos estabelecem o controle e o monopólio de serviços e bens a partir do controle armado de favelas, comunidades, bairros e cidades. Sua origem remonta ao surgimento, nos final dos anos 1960, em plena ditadura empresarial-militar de 1964, dos Esquadrões da Morte, posteriormente denominados Grupos de Extermínio, que cometiam execuções sumárias, assassinando supostos “bandidos” e cobravam taxas de segurança, na Baixada Fluminense. Neste momento, agentes de segurança do Estado operavam os homicídios, empresários e comerciantes financiavam o esquema e o regime ditatorial fornecia o suporte político, frequentemente traduzido em absolvições nos processos judiciais. A partir da década de 1980, com o fim da ditadura, civis começaram a ser arregimentados para compor os Grupos de Extermínio, sendo gerenciados pelos agentes de segurança do Estado que assim passavam a se proteger mais, dentro do regime democrático que se iniciava. Trajetórias de sucesso, enquanto matadores, na Baixada Fluminense, traduziram-se em vitórias eleitorais para cargos do legislativo municipal e estadual, bem como do executivo municipal, a partir da década de 1990. Em meados desta década, experiências resultantes de ocupações urbanas, na Baixada Fluminense e na Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro, iniciam o que seria o preâmbulo das Milícias. Nestas ocupações, emergiram lideranças, ainda de civis, com características autoritárias e com controle sobre relações políticas, serviços urbanos e bens, estabelecido a partir do uso da violência. No início dos anos 2000, as Milícias passariam a ganhar os contornos do que são hoje. Pode-se dizer que elas significam o somatório das experiências do crime organizado gerenciadas por agentes de segurança do Estado, a partir dos Grupos de Extermínio da Baixada Fluminense e da relação com o tráfico de drogas, na cidade do Rio de Janeiro. O conhecimento e domínio sobre as dimensões espaciais das diferentes áreas onde atuam; o reconhecimento das dinâmicas políticas, de instituições e de lideranças ali presentes; o controle das ações do Estado; e a informação sobre serviços, comércio, realidade fundiária, legislação, recursos ambientais, etc existentes, a partir do lugar que ocupam dentro da estrutura do Estado, foram determinantes para o seu surgimento.</p> | ||
== Veja também == | |||
*[[Entre Luzes e Sombras: o Rio de Janeiro dos Megaeventos e a militarização da vida na cidade (resenha)]] | |||
*[[A expansão das milícias no Rio de Janeiro (pesquisa)]] | |||
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