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== O grande sonho == | == O grande sonho == | ||
Para além de sua importância religiosa, Apolinária era conhecida por sua solidariedade e generosidade. Gostava muito de crianças, com quem conversava, brincava e as acolhia em sua casa. Foi mãe de quatro filhas de sangue: Maria Antonia, Marí, Carmen e Marilu (única filha viva). Além disso, chegou a ter cerca de 40 crianças adotivas sob sua guarda. Seu maior sonho era o de construir uma grande instituição de acolhimento de menores abandonados em torno de sua casa de religião. Por conta da visibilidade dos problemas de espaço e buscando concretizar um projeto ambicioso de construir um novo terreiro que também funcionasse como uma instituição de acolhimento, Apolinária comprou quatro terrenos no entorno do Morro Santana, onde hoje se localiza o Jardim Ypu, onde começou a construção de seu projeto (SILVA, 2018). | Para além de sua importância religiosa, Apolinária era conhecida por sua solidariedade e generosidade. Gostava muito de crianças, com quem conversava, brincava e as acolhia em sua casa. Foi mãe de quatro filhas de sangue: Maria Antonia, Marí, Carmen e Marilu (única filha viva). Além disso, chegou a ter cerca de 40 crianças adotivas sob sua guarda. Seu maior sonho era o de construir uma grande instituição de acolhimento de menores abandonados em torno de sua casa de religião. Por conta da visibilidade dos problemas de espaço e buscando concretizar um projeto ambicioso de construir um novo terreiro que também funcionasse como uma instituição de acolhimento, Apolinária comprou quatro terrenos no entorno do Morro Santana, onde hoje se localiza o Jardim Ypu, onde começou a construção de seu projeto (SILVA, 2018).<blockquote>''Um novo terreiro, fora da orla extrema da cidade. Terreiro de tais proporções como talvez não exista outro no Brasil. Enorme área construída, com dois pisos. A sala de dança ritual teria quatorze metros de lado. Ao redor do edifício principal, muitas casas de seus crentes mais chegados. (CORREIO DO POVO, 1959)''</blockquote>[[Arquivo:Foto8.png|centro|commoldura]] | ||
* [https://www.google.com/maps/@-30.0440587,-51.1366522,3a,46.7y,56.22h,81.61t/data=!3m6!1e1!3m4!1s9Bl8ijyiLs54PHn-JVQL8A!2e0!7i16384!8i8192 Veja a localização das ruínas da casa de Mãe Apolinária] | |||
O projeto arquitetônico foi concebido pelo Eng. Civil Ênio José Verçosa, que foi convidado por um dos filhos de religião da casa e ficou impressionado com a grandiosidade do projeto. De acordo com sua filha Marilú, parte da obra já estava “levantada”, onde funcionava na parte de cima o salão de religião. Na parte de baixo, haveriam quartos para acolhimentos de pessoas em situação de rua e crianças (SILVA, 2018). <blockquote>''Comprado o grande terreno de uma empresa imobiliária, abriram e sentaram os alicerces. Para suprir as necessidades de água escavaram um profundo poço Finda a jornada na cidade os fiéis para lá se dirigiam e trabalhavam até a madrugada. Fabuloso movimento de terras, ciclópicos muros de pedra, e as paredes se elevaram pouco a pouco. Puzera a cobertura. Uma laje de concreto dava acesso direto da estrada ao piso superior. Tudo marchava bem. (CORREIO DO POVO, 1959)''</blockquote> | |||
== Falecimento == | == Falecimento == | ||
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''Em vão o “êru” que os seus filhos fizeram para salvar-lhe a vida, igual àquele, ou talvez mais impressionante, com que a própria Apolinária roubara à morte a velha cardíaca que no dia seguinte dançava na roda louvando os orixás. Em vão. Quando no “erú” já não baixou nenhum santo… esta era a vontade dos deuses. (CORREIO DO POVO, 1959).'' | .<blockquote>''Em vão o “êru” que os seus filhos fizeram para salvar-lhe a vida, igual àquele, ou talvez mais impressionante, com que a própria Apolinária roubara à morte a velha cardíaca que no dia seguinte dançava na roda louvando os orixás. Em vão. Quando no “erú” já não baixou nenhum santo… esta era a vontade dos deuses. (CORREIO DO POVO, 1959).''</blockquote>[[Arquivo:Foto5.png|centro|commoldura]]“''Foi tanta gente no enterro pra mãe''” conta Marilu (SILVA, 2018). Seu funeral atraiu uma multidão de filhos e admiradores, que ao som de tambores e agês que ritmavam a dança, carregaram seu caixão. O cortejo foi escoltado por por batedores de polícia, montados em motocicletas. desde o bairro Mont’serrat até o cemitério São Miguel e Almas, na Azenha. “''Quase pianíssimo as vozes diziam: ‘Ateté e e’laô. Oia funi banã. Ateté e’laô. Oia funi baña''” (CORREIO DO POVO, 1959) | ||
[[Arquivo:Foto5.png|centro|commoldura]]“''Foi tanta gente no enterro pra mãe''” conta Marilu (SILVA, 2018). Seu funeral atraiu uma multidão de filhos e admiradores, que ao som de tambores e agês que ritmavam a dança, carregaram seu caixão. O cortejo foi escoltado por por batedores de polícia, montados em motocicletas. desde o bairro Mont’serrat até o cemitério São Miguel e Almas, na Azenha. “''Quase pianíssimo as vozes diziam: ‘Ateté e e’laô. Oia funi banã. Ateté e’laô. Oia funi baña''” (CORREIO DO POVO, 1959) | |||
== Homenagens póstumas == | == Homenagens póstumas == | ||
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* Av. Mãe Apolinária Matias Batista - Bairro Morro Santana. [https://goo.gl/maps/pt3EkEb62a9qUWTT9 Veja a localização.] | * Av. Mãe Apolinária Matias Batista - Bairro Morro Santana. [https://goo.gl/maps/pt3EkEb62a9qUWTT9 Veja a localização.] | ||
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Em 1988, ao lado de nomes como Lupicínio Rodrigues e Tesourinha, Mãe Apolinária foi reconhecida no Calendário Vultos Negros do Rio Grande do Sul, em razão do centenário da abolição da escravatura. | Em 1988, ao lado de nomes como Lupicínio Rodrigues e Tesourinha, Mãe Apolinária foi reconhecida no Calendário Vultos Negros do Rio Grande do Sul, em razão do centenário da abolição da escravatura. | ||
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== Referências == | == Referências == | ||
SILVA, Luís Gustavo Ruwer. Saída de campo à Casa da Mãe Apolinária, 2018. | SILVA, Luís Gustavo Ruwer. Saída de campo à Casa da Mãe Apolinária, 2018. |
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