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(Criou página com 'Criado em julho de 2001, o '''Portal Viva Favela''' foi um dos primeiros veículos jornalísticos dedicados exclusivamente ao universo das favelas a surgir no ambiente da inte...') |
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No entendimento de alguns autores, a violência urbana é uma gramática, ou linguagem, “que produz uma compreensão prático-moral de boa parte da vida cotidiana nas grandes cidades” (Machado da Silva, 2010). Ainda de acordo com Luiz Antônio Machado da Silva: | No entendimento de alguns autores, a violência urbana é uma gramática, ou linguagem, “que produz uma compreensão prático-moral de boa parte da vida cotidiana nas grandes cidades” (Machado da Silva, 2010). Ainda de acordo com Luiz Antônio Machado da Silva: | ||
Márcia Leite também chama atenção para os episódios de violência armada e seu impacto sobre o imaginário social, traduzido na expressão “cidade partida”, amplamente usada na época: | Márcia Leite também chama atenção para os episódios de violência armada e seu impacto sobre o imaginário social, traduzido na expressão “cidade partida”, amplamente usada na época: | ||
E segue: | E segue: | ||
No que diz respeito à história do Viva Favela, o seu surgimento também se conecta ao fortalecimento das chamadas ONGs (ou organizações sem fins lucrativos) também na década de 1990. Diante de chacinas como as da Candelária e de Vigário Geral, em que 29 pessoas (entre crianças pobres e famílias de uma favela da zona norte), foram assassinadas por policiais militares, movimentos da chamada sociedade civil passaram a disputar o sentido de cidadania com o imaginário criado pelas manchetes dos principais jornais (LEITE, 2000). Foi nesse contexto que os (10) repórteres e (5) fotógrafos passaram a trazer, para um público maior, diversas histórias do seu cotidiano que não costumavam ser notícia, já que nada tinham a ver com violência armada ou ilegalidades. | No que diz respeito à história do Viva Favela, o seu surgimento também se conecta ao fortalecimento das chamadas ONGs (ou organizações sem fins lucrativos) também na década de 1990. Diante de chacinas como as da Candelária e de Vigário Geral, em que 29 pessoas (entre crianças pobres e famílias de uma favela da zona norte), foram assassinadas por policiais militares, movimentos da chamada sociedade civil passaram a disputar o sentido de cidadania com o imaginário criado pelas manchetes dos principais jornais (LEITE, 2000). Foi nesse contexto que os (10) repórteres e (5) fotógrafos passaram a trazer, para um público maior, diversas histórias do seu cotidiano que não costumavam ser notícia, já que nada tinham a ver com violência armada ou ilegalidades. | ||
Nas palavras de Cristiane, | Nas palavras de Cristiane, | ||
As inúmeras histórias contadas também passaram a alimentar diferentes sites internos nas áreas de memória, gênero, meio ambiente e apoio jurídico. “Uma riqueza reforçada pelas mais de 40 mil imagens produzidas pela equipe de fotografia” (RAMALHO, 2007). Equipe essa que ganhou o prêmio Documentary Photography Project Distribution Grant, concedido pelo Open Society Institute, em 2005, pelo conjunto do seu trabalho. Para participar do portal, "correspondentes" passaram por um processo seletivo e, após ingressar no portal, tiveram treinamento voltado para produção de textos e fotografias. A colaboração e as trocas entre pessoas da equipe com diferentes experiências de cidade constituiu um processo de diálogo intenso que contribuiu para o sucesso da proposta. Mas os desafios também eram muitos. Encontrar meios de também falar sobre violências sofridas por moradores das favela, sem colocar repórteres e fotógrafos em risco foi um dos pontos mais difíceis. A solução encontrada foi designar pessoas da equipe que não moravam nesses locais para escrever estes textos. | As inúmeras histórias contadas também passaram a alimentar diferentes sites internos nas áreas de memória, gênero, meio ambiente e apoio jurídico. “Uma riqueza reforçada pelas mais de 40 mil imagens produzidas pela equipe de fotografia” (RAMALHO, 2007). Equipe essa que ganhou o prêmio Documentary Photography Project Distribution Grant, concedido pelo Open Society Institute, em 2005, pelo conjunto do seu trabalho. Para participar do portal, "correspondentes" passaram por um processo seletivo e, após ingressar no portal, tiveram treinamento voltado para produção de textos e fotografias. A colaboração e as trocas entre pessoas da equipe com diferentes experiências de cidade constituiu um processo de diálogo intenso que contribuiu para o sucesso da proposta. Mas os desafios também eram muitos. Encontrar meios de também falar sobre violências sofridas por moradores das favela, sem colocar repórteres e fotógrafos em risco foi um dos pontos mais difíceis. A solução encontrada foi designar pessoas da equipe que não moravam nesses locais para escrever estes textos. | ||
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'''Fontes e referências bibliográficas''' | '''Fontes e referências bibliográficas''' | ||
RAMALHO, Cristiane. Notícias da favela. Rio de Janeiro: Aeroplano, 2007 | |||
Vários autores. Viva Favela. São Paulo: Editora Olhares, 2008 | Vários autores. Viva Favela. São Paulo: Editora Olhares, 2008 | ||
SANTOS, Mayra Coelho Jucá dos. Vozes ativas das favelas 2.0: autorrepresentações midiáticas numa rede de comunicadores periféricos. Dissertação (mestrado) Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil, Programa de Pós-Graduação em História Política e Bens Culturais, 2014 | |||
LEITE, Márcia Pereira. Entre o individualismo e a solidariedade: dilemas da política e da cidadania no Rio de Janeiro. Revista Brasileira de Ciências Sociais, v. 15, p. 43-90, 2000 | LEITE, Márcia Pereira. Entre o individualismo e a solidariedade: dilemas da política e da cidadania no Rio de Janeiro. Revista Brasileira de Ciências Sociais, v. 15, p. 43-90, 2000 |