1 625
edições
Escreva seu primeiro verbete!
(Criou página com ''''Neusa Santos Souza''' (Cachoeira, 1948 ou 1951- Rio de Janeiro, 20 de dezembro de 2008) foi uma psiquiatra, psicanalista e escritora brasileira. Sua obra é referência sobre os aspectos sociológicos e psicanalíticos da negritude. inaugurando o debate contemporâneo e analítico sobre o racismo no Brasil. Autoria: Equipe do Dicionário de favelas Marielle Franco, a partir das redes oficiais<ref>[https://www.blogs.unicamp.br/mulheresnafilosofia/filosofas/neusa-santo...') |
(autoria, interlinks, hiperlinks, palavras-chave) |
||
Linha 1: | Linha 1: | ||
'''Neusa Santos Souza''' (Cachoeira, 1948 ou 1951- Rio de Janeiro, 20 de dezembro de 2008) foi uma psiquiatra, psicanalista e escritora brasileira. Sua obra é referência sobre os aspectos sociológicos e psicanalíticos da negritude | '''Neusa Santos Souza''' (Cachoeira, 1948 ou 1951- Rio de Janeiro, 20 de dezembro de 2008) foi uma psiquiatra, psicanalista e escritora brasileira. Sua obra é referência sobre os aspectos sociológicos e psicanalíticos da negritude, inaugurando o debate contemporâneo e analítico sobre o racismo no Brasil. | ||
Autoria: Equipe do Dicionário de | Autoria: Informações do verbete reproduzidas, pela Equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco, a partir da Enciclopédia Mulheres na Filosofia<ref>[https://www.blogs.unicamp.br/mulheresnafilosofia/filosofas/neusa-santos-souza/ Neusa Santos Souza]</ref>. | ||
[[Arquivo:Neusa Santos Souza.png|miniaturadaimagem|Neusa Santos Souza]] | [[Arquivo:Neusa Santos Souza.png|miniaturadaimagem|Neusa Santos Souza]] | ||
Linha 7: | Linha 7: | ||
Baiana de Cachoeira, no recôncavo baiano, Neusa Santos Souza nasceu em 30 de março de 1951, e não em 1948, como encontramos em diversos lugares que falam da autora. Essa informação foi esclarecida recentemente por sua afilhada, Luíza Nasciutti, que é também pesquisadora e faz, atualmente, seu doutorado em ciências sociais, sob o título “Tornar-se NEUSA: Raça, subjetividade e memória a partir da trajetória e obra de Neusa Santos Souza”, isso para dizer dos enigmas e transmissões da mulher e intelectual que continua a inspirar a dizer sobre sua obra, sua vida. Ela viveu em uma família fortemente marcada pela [[:Categoria:Temática - Religião|religião]] de matriz africana, o Candomblé, e pela [[Herdeiros (filme)|cultura afro-brasileira.]] De uma família simples, pobre, ela sai do recôncavo e, ainda muito jovem, entra na Faculdade de Medicina em Salvador e escolhe, fruto de suas afetações com o tema, a área da psiquiatria, tendo se formado em 1070. Sabemos pouco a respeito de sua vida antes de ingressar na faculdade, bem como temos poucas informações sobre sua família. | |||
Neusa Santos Souza decide ir ao Rio de Janeiro continuar os seus estudos. De forma surpreendente, sem ter passado pelo curso de especialização, trajetória quase obrigatória para conseguir entrar no mestrado, ela adentra a pós-graduação e, com um tema que trouxe grandes debates dentro dos circulos psicanaliticos e do movimento negro no período, defende sua dissertação em 1981, que virá a se tornar o livro que, 42 anos depois, é retomado como leitura imprescindível para pensar a psicanálise e as relações raciais no Brasil. Na belíssima dissertação de William Pereira Penna, “Escrevivências sobre a memória de Neusa Santos Souza”, de 2019, encontramos notícias da trajetória da vida da psiquiatra entusiasmada, recém chegada no Rio de janeiro, que se envolve em uma série de atividades relacionadas à psicanálise. Vinculou-se ao Instituto Brasileiro de Psicanálise, Grupos e Instituições (IBRAPSI), em que a formação se articulava com sindicatos, partidos políticos, movimentos sociais com perspectivas de atuação institucional. Também se vinculou ao Núcleo de Atendimento Terapêutico, o NAT, ao lado de Jurandir Freire. O núcleo era coordenado por Katarina Kemper e Hélio Pellegrino. De lá, seguiu para o Centro Psiquiátrico Pedro II — atual IMAS Nise da Silveira — que foi local de aglutinação de muitos psiquiatras militantes que começavam a construir uma das primeiras experiências da reforma psiquiátrica no Brasil. Nesse meio tempo, ela passou pelo Hospital do Engenho de Dentro, de que saiu após grandes divergências quanto ao tratamento ali aplicado, num momento importante na reforma psiquiátrica. | Faleceu em 20 de dezembro de 2008, no Rio de Janeiro. A constrangedora cena do seu enterro, onde um funcionário do cemitério perguntou se tinha alguém da família para guardar o número da lápide e teve como resposta o silêncio, transmite uma solidão, palavra tão marcada na vida de [[100 mulheres negras brasileiras importantes|mulheres negras]] e que pouco representa as descrições dos amigos de Neusa Santos Souza ao relatarem sua receptividade e alegria em partilhar sua casa e vida com os mais próximos. O que podemos e desejamos dizer, é sobre a sua trajetória clínica, política e intelectual que se desenvolve agudamente com a sua ida ao Rio de Janeiro, que é a cidade na qual ela foi enterrada aos 57 anos de idade. | ||
Neusa Santos Souza decide ir ao Rio de Janeiro continuar os seus estudos. De forma surpreendente, sem ter passado pelo curso de especialização, trajetória quase obrigatória para conseguir entrar no mestrado, ela adentra a pós-graduação e, com um tema que trouxe grandes debates dentro dos circulos psicanaliticos e do movimento negro no período, defende sua dissertação em 1981, que virá a se tornar o livro que, 42 anos depois, é retomado como leitura imprescindível para pensar a psicanálise e as relações raciais no Brasil. Na belíssima dissertação de William Pereira Penna, “Escrevivências sobre a memória de Neusa Santos Souza”, de 2019, encontramos notícias da trajetória da vida da psiquiatra entusiasmada, recém chegada no Rio de janeiro, que se envolve em uma série de atividades relacionadas à psicanálise. Vinculou-se ao Instituto Brasileiro de Psicanálise, Grupos e Instituições (IBRAPSI), em que a formação se articulava com sindicatos, partidos políticos, movimentos sociais com perspectivas de atuação institucional. Também se vinculou ao Núcleo de Atendimento Terapêutico, o NAT, ao lado de Jurandir Freire. O núcleo era coordenado por Katarina Kemper e Hélio Pellegrino. De lá, seguiu para o Centro Psiquiátrico Pedro II — atual [http://www.ccms.saude.gov.br/nisedasilveira/preservacao-memoria.php IMAS Nise da Silveira] — que foi local de aglutinação de muitos psiquiatras militantes que começavam a construir uma das primeiras experiências da reforma psiquiátrica no Brasil. Nesse meio tempo, ela passou pelo Hospital do Engenho de Dentro, de que saiu após grandes divergências quanto ao tratamento ali aplicado, num momento importante na reforma psiquiátrica. | |||
== Última entrevista concedida por Neusa Santos Souza e a problematização das suas obras == | == Última entrevista concedida por Neusa Santos Souza e a problematização das suas obras == | ||
Linha 108: | Linha 109: | ||
== Ver também == | == Ver também == | ||
[[Lélia Gonzalez (PT - PDT - RJ) - Favela da Praia do Pinto - RJ|Lélia Gonzalez]] | * [[Milton Barbosa]] | ||
* [[Carolina Maria de Jesus]] | |||
* [[Lélia Gonzalez (PT - PDT - RJ) - Favela da Praia do Pinto - RJ|Lélia Gonzalez]] | |||
[[Categoria:Temática - Associativismo e Movimentos Sociais]] | [[Categoria:Temática - Associativismo e Movimentos Sociais]] | ||
[[Categoria:Biografias]] | [[Categoria:Biografias]] | ||
[[Categoria:Personalidades]] | |||
[[Categoria:Pesquisas]] | [[Categoria:Pesquisas]] | ||
[[Categoria:Mulheres]] | |||
[[Categoria:Mulheres Negras]] | [[Categoria:Mulheres Negras]] | ||
[[Categoria:Cachoeira]] | [[Categoria:Cachoeira]] | ||
[[Categoria:Bahia]] | [[Categoria:Bahia]] | ||
<references /> |