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Estudo relacionado ao | Estudo relacionado ao [[Clássicos e contemporâneos sobre favelas Curso IESP-UERJ|curso Clássicos e contemporâneos sobre favelas]], realizado no âmbito do Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP), da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. O curso teve objetivo de debater o lugar das favelas no Rio de Janeiro, estabelecendo diálogos entre estudos clássicos e contemporâneos. Este verbete registra o debate, realizado em uma das aulas, voltado para o tema “Entre remoção, urbanização e luta nas favelas”. | ||
Autoria: Mariana Vieira, Isabela Maia, José Eduardo Soares e Everton de Oliveira da Silva. | |||
== Sobre == | |||
Memorando da aula-debate “Entre remoção, urbanização e luta nas favelas” promovida pelo Programa de Pós-graduação em Sociologia do IESP-UERJ, inserida no programa da disciplina “Clássicos contemporâneos sobre favelas”, oportunidade em que com base em uma bibliografia clássica os discentes puderam dialogar sobre o panorama da história da favela, as propostas apresentadas pelo Estado para [[Urbanização de favelas no Rio de Janeiro (livro)|urbanização]] desses espaços e como os favelados se organizaram na luta contra as remoções a partir da análise dos movimentos sociais traçando um paralelo com as formas de mobilização percebidas atualmente, em especial durante a pandemia da [[Painel Covid-19 nas favelas do Rio de Janeiro|covid-19]]. Por fim, enfatizamos a importância de trazer as favelas para o centro do debate em torno de questões urbanísticas e ambientais. | |||
Para estabelecer um panorama acerca da história da favela e iniciar o debate sobre o conceito de favela, foi utilizado o livro “A invenção da favela”, de autoria da Licia de Prado Valladares, importante socióloga pioneira no estudo sobre favelas e idealizadora do URBANDATA – banco de dados bibliográficos sobre o Brasil urbano criado no final dos anos 1980. O livro em referência foi lançado no ano de 2005 e apresentado por Gilberto Velho como sendo o trabalho mais amplo e sistemático sobre o fenômeno favela. Conforme explicação da própria autora, através deste estudo ela se propõe a realizar uma “sociologia da sociologia da favela” (Valladares, 2005, p. 23), revisitando as principais análises e interpretações do fenômeno ao longo do tempo. | == Debate == | ||
Para estabelecer um panorama acerca da história da favela e iniciar o debate sobre o conceito de favela, foi utilizado o livro “A invenção da favela”, de autoria da [[Licia Valladares|Licia de Prado Valladares]], importante socióloga pioneira no estudo sobre favelas e idealizadora do URBANDATA – banco de dados bibliográficos sobre o Brasil urbano criado no final dos anos 1980. O livro em referência foi lançado no ano de 2005 e apresentado por Gilberto Velho como sendo o trabalho mais amplo e sistemático sobre o fenômeno favela. Conforme explicação da própria autora, através deste estudo ela se propõe a realizar uma “sociologia da sociologia da favela” (Valladares, 2005, p. 23), revisitando as principais análises e interpretações do fenômeno ao longo do tempo. | |||
Sendo assim, inicia o desenvolvimento do seu pensamento questionando o “mito de origem” que atribui a gênese da favela a Canudos, ignorando as raízes complexas e multifacetadas do processo de favelização no Brasil. Deste modo, chama atenção para o fato de que os cortiços seriam a “semente da favela”. Neste ponto, foi possível estabelecer uma relação com a obra “Cidade Febril, cortiços e epidemias na corte imperial” de autoria de Sidney Chalhoub, historiador brasileiro cujos estudos são fundamentais para a compreensão da formação da sociedade brasileira, lançando luz sobre as raízes das desigualdades sociais e raciais. | Sendo assim, inicia o desenvolvimento do seu pensamento questionando o “mito de origem” que atribui a gênese da favela a Canudos, ignorando as raízes complexas e multifacetadas do processo de favelização no Brasil. Deste modo, chama atenção para o fato de que os cortiços seriam a “semente da favela”. Neste ponto, foi possível estabelecer uma relação com a obra “Cidade Febril, cortiços e epidemias na corte imperial” de autoria de Sidney Chalhoub, historiador brasileiro cujos estudos são fundamentais para a compreensão da formação da sociedade brasileira, lançando luz sobre as raízes das [[DesigualdadeS no plural|desigualdades]] sociais e raciais. | ||
No capítulo inicial do seu livro, Chalhoub apresenta alguns pontos importantes para reflexão como a organização do trabalho e manutenção da ordem; classes pobres como sinônimo de classes perigosas; o debate sobre a “ideologia da higiene” para justificar os despejos que as populações que residiam nos cortiços foram submetidas tal como aconteceu com a população de favela algum tempo depois através das remoções. | No capítulo inicial do seu livro, Chalhoub apresenta alguns pontos importantes para reflexão como a organização do trabalho e manutenção da ordem; classes pobres como sinônimo de classes perigosas; o debate sobre a “ideologia da higiene” para justificar os despejos que as populações que residiam nos cortiços foram submetidas tal como aconteceu com a população de favela algum tempo depois através das remoções. | ||
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Por fim, foi debatido em aula que, embora haja importantes avanços urbanísticos na intervenção do Estado na favela, com obras de urbanização, saneamento básico, pavimentação com acesso a importantes equipamentos públicos, estas obras levaram a diversos conflitos sociais, por vezes com violentos processos de desterritorialização com os deslocamentos forçados para outros espaços do bairro ou até da cidade, vide a história das inúmeras favelas deslocadas na cidade do Rio de Janeiro. | Por fim, foi debatido em aula que, embora haja importantes avanços urbanísticos na intervenção do Estado na favela, com obras de urbanização, saneamento básico, pavimentação com acesso a importantes equipamentos públicos, estas obras levaram a diversos conflitos sociais, por vezes com violentos processos de desterritorialização com os deslocamentos forçados para outros espaços do bairro ou até da cidade, vide a história das inúmeras favelas deslocadas na cidade do Rio de Janeiro. | ||
== Referências bibliográficas == | |||
Valladares, Lícia do Prado. '''A invenção da favela.''' Rio de Janeiro: FGV, 2005. (Introdução) | |||
Lima, Nísia Trindade. '''O Movimento de favelados do Rio de Janeiro: políticas do Estado e lutas sociais (1954-1973).''' Tese de Doutorado. IUPERJ, 1989. (capítulo 04 e 05) | |||
Denaldi, Rosana, Ferrara, Luciana. '''A dimensão ambiental da urbanização em favelas.''' Ambiente e Sociedade, 21. 2018. | |||
=== Bibliografia complementar === | |||
Chalhoub, Sidney. '''Cidade febril: cortiços e epidemias na corte imperial.''' Editora Companhia das Letras, 2018. (capítulo 1) | |||
== Ligações externas == | |||
[https://iesp.uerj.br/ Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP), da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)] | |||
== Ver também == | |||
* | <blockquote> | ||
* [[Vila Autódromo: remoção e resistência]] | |||
* [[Habitação e infraestruturas locais - urbanização versus remoção (live)]] | |||
* [[Vila Recreio 2 - Sonhos Demolidos (documentário)]]</blockquote> | |||
[[Categoria:Temática - Educação]] | [[Categoria:Temática - Educação]] | ||
[[Categoria:Temática - Favelas e Periferias]] | [[Categoria:Temática - Favelas e Periferias]] | ||
[[Categoria:Pesquisa acadêmica]] | [[Categoria:Pesquisa acadêmica]] | ||
[[Categoria:Remoção]] | |||
[[Categoria:Urbanização]] | |||
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